CESTA BÁSICA AUMENTA PRATICAMENTE EM TODAS AS CAPITAIS EM 2019
Em janeiro de 2020, o custo do conjunto de alimentos essenciais subiu em 11 capitais das 17 onde o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Entre as altas, destaque para Aracaju e Salvador, com variação de 4,75% e 4,43% no mês, respectivamente. Entre as 6 capitais com redução no custo da cesta, destaca-se Florianópolis (-4,41%).
A capital com a cesta mais cara, em janeiro, foi São Paulo (R$ 517,51), seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 507,13) e Porto Alegre (R$ 502,98). Os menores valores médios da cesta foram observados em Aracaju (R$ 368,69), Salvador (R$ 376,49) e João Pessoa (R$ 388,02).
Nos últimos 12 meses, todas as cidades acumularam alta. Merecem destaque as elevações registradas em Vitória (16,03%), Goiânia (14,28%), Porto Alegre (13,89%) e Recife (13,50%).
Com base na cesta mais cara, que, em janeiro, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em janeiro de 2020, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 4.347,61 ou 4,18 vezes o mínimo de R$ 1.039,00. Em 2019, o salário mínimo era de R$ 998,00 e o piso mínimo necessário, em janeiro daquele ano, correspondeu a R$ 3.928,73 (ou 3,94 vezes o mínimo que vigorava naquele período) e, em dezembro, a R$ 4.342,57 (ou 4,35 vezes o piso vigente).
CUSTO DA CESTA BÁSICA EM SALVADOR VOLTA A AUMENTAR EM JANEIRO
Em janeiro, a cesta básica de Salvador ficou 4,43% mais cara, em relação ao mês anterior, graças ao aumento de preços em 8 dos 12 produtos pesquisados. As altas foram registradas nos preços médios do tomate (19,81%), da banana (9,69%), do arroz (5,54%), do açúcar (5,07%), da carne bovina (4,31%), do feijão (3,63%), do óleo de soja (2,34%) e do pão francês (0,21%). As quedas de preço foram registradas no leite (-2,20%), na farinha de mandioca (-1,79%), na manteiga (-1,62%) e no café (-1,51%).
Com a alta registrada no mês de janeiro, a cesta básica na capital baiana passou a custar R$ 376,49. Em dezembro de 2019 custava R$ 360,51. Apesar desta alta, Salvador continua registrando a posição de 2ª cesta com o custo mais baixo dentre as capitais pesquisadas, ficando atrás apenas de Aracaju.
O trabalhador soteropolitano remunerado pelo novo salário mínimo comprometeu 79 horas e 43 minutos de sua jornada mensal para adquirir os gêneros essenciais em janeiro de 2020. Em dezembro, a jornada necessária havia sido de 79 horas e 28 minutos. Em janeiro de 2019, o tempo comprometido era menor, de 77 horas e 55 minutos.
Quando se compara o custo da cesta de Salvador e o novo valor do salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, a relação foi de 39,39% em janeiro de 2020. Em dezembro, havia sido de 37,17% e, em janeiro de 2019, de 38,49%, ambos em relação ao salário mínimo anterior, de R$ 998,00.
CESTA BÁSICA X SALÁRIO MÍNIMO
Em janeiro de 2020, com o reajuste de 4,11% no salário mínimo, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 94 horas e 26 minutos nas 17 capitais pesquisadas. Em dezembro, a jornada necessária foi calculada em 97 horas e 42 minutos. Em janeiro de 2019, quando a pesquisa ainda era feita em 18 capitais, a média foi de 88 horas e 05 minutos.
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido atual (R$ 955,88), ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em janeiro, 46,65% do rendimento para adquirir os mesmos produtos que, em dezembro, demandavam 48,27%. Em janeiro de 2019, quando a pesquisa era feita em 18 capitais, a média foi de 43,52%.
COMPORTAMENTO MENSAL DOS PREÇOS DOS PRODUTOS
Em janeiro de 2020, foi predominante a alta no preço do óleo de soja, açúcar, banana, tomate, feijão e batata, coletada no Centro-Sul. Já o valor da carne bovina de primeira teve redução média de valor na maior parte das cidades.
O preço do óleo de soja mostrou alta em todas as cidades, com variações entre 1,17%, em Belém e 9,95%, em Campo Grande. Em 12 meses, também houve elevação do preço médio em todas as capitais, com destaque para as taxas de Belém (20,56%), Vitória (18,58%), Goiânia (18,50%), Campo Grande (16,32%) e Florianópolis (16,22%). A demanda por óleo de soja degomado para produção de biodiesel aumentou, principalmente, devido à elevação do percentual de 10% para 11% de mistura de óleo de soja no biocombustível. Com isso, o consumidor no varejo pagou mais pela lata de óleo.
O quilo do açúcar mostrou alta de preços em 14 capitais em janeiro de 2020 e as taxas oscilaram entre 0,81%, em Curitiba e 20,28%, em Brasília. As variações negativas foram anotadas no Rio de Janeiro (-1,10%), Florianópolis (-0,70%) e Recife (-0,45%). Em 12 meses, apenas em Belo Horizonte houve redução (-2,58%), nas demais cidades foram registradas altas, com destaque para Brasília (32,12%), Aracaju (16,75%) e São Paulo (14,41%). O uso da matéria-prima para a produção de etanol elevou o valor do açúcar no varejo, mesmo com ligeiro aumento do volume de cana colhida.
A banana registrou elevação de preços em 14 capitais, com exceção de Natal (-2,07%), Belém (-1,29%) e São Paulo (-1,04%). A pesquisa coleta os tipos prata e nanica e faz uma média ponderada dos preços. Os maiores aumentos foram registrados em Campo Grande (22,55%), João Pessoa (16,96%), Salvador (9,69%) e Porto Alegre (5,93%). Em 12 meses, o valor médio da banana aumentou em 15 cidades, com destaque para Campo Grande (28,66%), Vitória (27,73%) e Brasília (27,04%). A menor taxa negativa foi observada em Aracaju (-13,46%). É período de entressafra da banana prata e houve da elevação da demanda, com isso, o preço médio aumentou, apesar da maior oferta do tipo nanica.
O preço médio do tomate aumentou em 14 capitais, em janeiro de 2020. As maiores altas foram registradas em Belo Horizonte (65,94%), Aracaju (45,42%) e Rio de Janeiro (44,44%). As reduções ocorreram em Porto Alegre (-10,49%), Recife (-8,10%) e Florianópolis (-3,14%). Em 12 meses, o valor médio do quilo do tomate aumentou em 10 capitais, com destaque para as taxas de Vitória (62,16%) e Natal (14,41%); e diminuiu em outras sete, sendo que a queda mais expressiva foi observada em Campo Grande (-21,13%). As chuvas reduziram a oferta e elevaram o preço do tomate, apesar da baixa qualidade do fruto ter pressionado as cotações para baixo.
O preço do feijão aumentou em 14 capitais, em janeiro de 2020. O grão do tipo carioquinha, pesquisado nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e em São Paulo, teve alta em quase todas as cidades, exceto Belo Horizonte (-1,10%). As taxas variaram entre 0,74%, em Goiânia, e 17,89%, em Campo Grande. Já o valor do feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, subiu 0,89%, em Curitiba, 2,78%, em Porto Alegre e 4,57%, em Vitória. Houve redução do valor médio no Rio de Janeiro (-6,32%) e Florianópolis (-0,21%).
Em 12 meses, houve elevação do preço do grão carioquinha em todas as capitais: as taxas variaram entre 8,86%, em Recife, e 53,78%, em Brasília. No tipo preto, quase todas as cidades mostraram aumento em 12 meses, com destaque para Vitória (8,95%). Em Porto Alegre, a diminuição foi de -2,46%. A baixa oferta do grão carioca, devido às chuvas, manteve os preços em patamares altos, apesar da fraca demanda e da baixa qualidade do grão ofertado.
O quilo da carne bovina de primeira diminuiu em 14 capitais, em janeiro de 2020. As quedas variaram entre -14,76%, no Rio de Janeiro, e -0,83%, em Porto Alegre. Os aumentos foram registrados em Aracaju (0,11%), Recife (2,49%) e Salvador (4,31%). Em 12 meses, o preço médio da carne aumentou em todas as cidades, com destaque para as taxas de Belém (33,77%), Goiânia (29,94%), Recife (29,61%) e Brasília (26,82%). O menor ritmo de compras por parte dos frigoríficos, pela diminuição da demanda interna, reduziu o valor comercializado da carne no varejo na maior parte das cidades.
TABELA 1 – PESQUISA NACIONAL DA CESTA BÁSICA DE ALIMENTOS
CUSTO E VARIAÇÃO DA CESTA BÁSICA EM 17 CAPITAIS.
BRASIL, JANEIRO DE 2020
Capital |
Valor da cesta |
Variação mensal (%) |
Porcentagem do Salário Mínimo Líquido |
Tempo de trabalho |
Variação em 12 meses (%) |
São Paulo |
517,51 |
2,17 |
54,14 |
109h35m |
10,66 |
Rio de Janeiro |
507,13 |
-1,89 |
53,05 |
107h23m |
10,14 |
Porto Alegre |
502,98 |
-0,66 |
52,62 |
106h30m |
13,89 |
Vitória |
492,20 |
-1,41 |
51,49 |
104h13m |
16,03 |
Florianópolis |
489,13 |
-4,41 |
51,17 |
103h34m |
11,79 |
Brasília |
483,17 |
1,96 |
50,55 |
102h19m |
13,13 |
Campo Grande |
458,00 |
1,76 |
47,91 |
96h59m |
10,41 |
Belo Horizonte |
456,35 |
2,57 |
47,74 |
96h38m |
12,57 |
Goiânia |
455,08 |
0,07 |
47,61 |
96h22m |
14,28 |
Curitiba |
452,32 |
-1,43 |
47,32 |
95h47m |
12,62 |
Fortaleza |
433,39 |
-0,06 |
45,34 |
91h46m |
7,28 |
Belém |
415,56 |
0,35 |
43,47 |
87h59m |
8,00 |
Recife |
395,93 |
0,54 |
41,42 |
83h50m |
13,50 |
Natal |
389,26 |
1,43 |
40,72 |
82h25m |
10,64 |
João Pessoa |
388,02 |
3,87 |
40,59 |
82h10m |
7,51 |
Salvador |
376,49 |
4,43 |
39,39 |
79h43m |
6,52 |
Aracaju |
368,69 |
4,75 |
38,57 |
78h04m |
3,40 |
Fonte: DIEESE
TABELA 2 – PESQUISA NACIONAL DA CESTA BÁSICA DE ALIMENTOS
PREÇO MÉDIO, GASTO MENSAL E TEMPO DE TRABALHO NECESSÁRIO
SALVADOR, JANEIRO DE 2020
Produtos e quantidades¹ |
Preço médio (R$)² |
Gasto mensal (R$) |
Tempo de trabalho necessário |
Carne (4,5 kg) |
27,60 |
124,20 |
26h 18m |
Leite (6 litros) |
4,01 |
24,06 |
5h 05m |
Feijão (4,5 kg) |
5,96 |
26,82 |
5h 41m |
Arroz (3,6 kg) |
3,23 |
11,63 |
2h 28m |
Farinha de mandioca (3 kg) |
4,39 |
13,17 |
2h 47m |
Tomate (12 kg) |
3,75 |
45,00 |
9h 32m |
Pão (6 kg) |
9,74 |
58,44 |
12h 22m |
Café (300 gr) |
17,43 |
5,23 |
1h 07m |
Banana (7,5 dz) |
3,97 |
29,78 |
6h 19m |
Açúcar (3 kg) |
2,28 |
6,84 |
1h 27m |
Óleo (900 ml) |
3,94 |
3,94 |
50m |
Manteiga (750 gr) |
36,50 |
27,38 |
5h 48m |
TOTAL |
|
376,49 |
79 horas e 43 min |
Fonte: DIEESE. Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos.
Notas: 1 Cesta Básica definida pelo Decreto-Lei no 399 de 30 de dezembro de 1938 para o consumo mensal de uma pessoa adulta. 2 Preço médio mensal por unidade de medida de cada produto. |