Sindiquímica abastece carros com GNV a preço reduzido em ação para denunciar a privatização da Bahiagás e convocar população para audiência pública

Motoristas por aplicativo e taxistas foram os principais públicos da ação e demonstraram indignação com o processo de privatização da Bahiagás. A audiência pública acontece na Alba na quarta-feira (27).

Na manhã desta terça-feira (26), dezenas de carros fizeram fila no posto Sogás, na Avenida General Graça Lessa, Ogunjá, para abastecer seus carros com Gás Natural Veicular (GNV) em uma ação do Sindiquímica Bahia. O sindicato vendeu o combustível com preço reduzido para alertar a população sobre os prejuízos da privatização da Bahiagás, empresa estatal que faz a distribuição do GNV para a indústria, postos, hospitais e residências.

Motoristas por aplicativo, taxistas e trabalhadores que prestam serviço de carreto foram os principais públicos da ação, e rapidamente divulgaram com o máximo de colegas possíveis, tamanho o impacto. Os motoristas abasteceram seus veículos por apenas R$2,854 o metro cúbico. Hoje, o gás custa na bomba, em média, R$ 4,14. Ou seja, uma redução de mais de R$1,20 por metro cúbico.

O motorista por aplicativo Wendel Santana, por exemplo, abastece seu carro com GNV há seis anos. Na época, pagava R$1,90 pelo metro cúbico. “Esse preço de hoje vai afetar bastante a produtividade do trabalho, porque o preço atual é um absurdo. Se privatizar a Bahiagás e aumentar ainda mais, vamos pagar para trabalhar”, disse o motorista.

Lucas Farine também é motorista por aplicativo, e logo que soube da ação do Sindiquímica, por colegas também motoristas, se dirigiu ao posto. “Faz muita diferença no bolso. Isso é muito importante para nós trabalhadores porque a venda da Bahiagás vai impactar não só o motorista, como a dona de casa, o pai de família. A Bahiagás é da Bahia, o nome já diz! Que continue assim!”, declara Farine.

Já Fábio Freitas, que também tira seu sustento do trabalho como motorista por aplicativo, acredita que a ação foi muito importante para informar à população baiana sobre o processo de privatização. “Eu acabei de saber e acho que está faltando divulgação sobre essa privatização. Garanto que se o povo baiano souber não vai concordar. É um absurdo! Espero que o governador não faça isso, nós votamos nele para nos ajudar, não prejudicar.”, pondera Freitas.

O Sindiquímica realizou uma ação semelhante no mês passado, chamando atenção da população e com grande alcance.

Audiência pública na Alba denuncia privatização da Bahiagás

Nesta quarta-feira (27), às 14h, a Assembleia Legislativa da Bahia vai realizar a audiência pública “A Importância da Bahiagás para o desenvolvimento da Bahia”, às 14h, no Centro Administrativo, Paralela.
Alfredo Santos Jr., diretor do Sindiquímica e da Central Única dos Trabalhadores (CUT-Bahia), lembra que a participação da sociedade baiana nesse espaço é fundamental para trazer à tona o processo de privatização da estatal para os parlamentares e para a população.

“Os trabalhadores de aplicativo sem dúvida seriam os mais afetados com a privatização. A Refinaria Landulpho Alves foi privatizada, e hoje a Bahia tem uma das gasolinas mais caras do Brasil. Temos o segundo GNV mais barato justamente por ter uma Bahiagás estatal. É fundamental que esse debate tenha mais visibilidade, porque o governo está conduzindo um processo de privatização às escuras e nos bastidores, sem debater com a sociedade.”, avalia.

A Bahiagás é a maior distribuidora de gás natural do Nordeste e a segunda maior do Brasil, responsável por contribuir com o fortalecimento da indústria do estado. O que dá dimensão da importância do debate, que pode afetar o orçamento de muitas famílias.

A audiência pública será uma oportunidade para ouvir dos deputados estaduais da Bahia um posicionamento sobre a revogação da Lei Estadual nº 7.029 de 1997, que autoriza o Poder Executivo a promover a desestatização da Companhia que, em outras palavras, significa a venda da empresa pública para a iniciativa privada.

Um funcionário da Bahiagás, que preferiu não se identificar, aponta alguns cenários possíveis, caso o processo de privatização siga adiante. Um dos primeiros, afirma, seria uma onda de demissões dos trabalhadores da estatal.

“Foi o que aconteceu com a Eletrobrás, que mandou embora um monte de gente especializada, experiente, e resultou no apagão do dia 15 de agosto. Na Bahiagás, perda de qualidade do serviço e a interrupção no fornecimento de gás são cenários possíveis. Privatizar a curto e a longo prazo é uma catástrofe para Bahia.”, lamenta o funcionário, que convoca toda a população baiana, em especial as pessoas que dependem dos seus veículos para trabalhar, para demonstrar sua indignação na audiência pública.

Privatizar a Bahiagás é trair os baianos

“A nossa mobilização é também para pressionar o governador Jerônimo Rodrigues a realizar o imediato distrato com o grupo Genial, contratado para realizar estudos sobre viabilidade da venda da empresa. Se o governo não tem interesse em privatizar, por que gastar dinheiro público com este estudo, quando sabemos que a Bahiagás é sustentável economicamente?”, questiona Alfredo Santos Jr.

Para o Sindiquímica Bahia e trabalhadores da Bahiagás privatizar a empresa é trair os baianos que nas últimas eleições aprovaram nas urnas, tanto na esfera estadual como federal, uma política de proteção ao patrimônio público e do controle do estado nos setores estratégicos como é o caso de gás e energia.

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