COVID – Pretos e pobres morrem mais, mas não são os primeiros a serem vacinados
O Brasil ultrapassou o número de 217 mil óbitos por Covid-19, e a contaminação cresce em todo o país. Mesmo com um presidente negacionista, que continua minimizando a gravidade da pandemia, o país iniciou um lento processo de vacinação. O número restrito de doses não consegue alcança todo da primeira fase. A prioridade tem sido profissionais de saúde que estão à frente do atendimento às vítimas, além de idosos com mais de 79 anos, comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhos.
A desigualdade estrutural do Brasil pode ser percebida em meio à contaminação, com pobres e pretos sendo as principais vitimas fatais. O plano de vacinação não alterará esse quadro de desigualdade por não levar em conta a priorização dos grupos mais vulneráveis por conta do racismo e da pobreza.
Pobres e pretos continuarão mais expostos ao vírus que o restante dos brasileiros.
Um estudo inédito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da UFRJ mostra que trabalhadores negros no Brasil correm risco 39% maior de morrer de Covid-19 do que os brancos.
Entre os profissionais de saúde, as mulheres negras são as mais vulneráveis aos impactos da pandemia. Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e a Rede Covid-19 Humanidades, divulgada em dezembro de 2020, mostra que profissionais de saúde negras estão com a saúde mental mais debilitada pela crise, sentem-se menos preparadas para trabalhar durante a pandemia e sofrem mais com assédio moral. São ainda as que mais sentem a exaustão no trabalho e a queda da renda familiar na crise.
Já um trabalho publicado na revista britânica Public Health revela que brasileiros com educação superior (e brancos são 70% do total neste importante indicador de renda) correm risco 44% menor de serem vítimas fatais do vírus.
Os cientistas cobram a prioridade na vacinação para pobres, em especial os negros, por serem obrigados a se expor mais, adoecerem mais e morrem mais de Covid-19 no Brasil.
Em um governo genocida, que ataca a ciência, despreza a gravidade da doença e nega a existência do racismo, não podemos esperar que seja tomada alguma atitude para combater essa desigualdade e minimizar os efeitos da pandemia nos grupos mais vulneráveis.
Só o impeachment pode socorrer, não só pretos e pobres, mas todo o Brasil do vírus bolsonarista que ocupa o poder.