Em defesa dos empregos e por maior participação estatal na Indústria Petroquímica
A crise nas duas unidades (Camaçari-BA e Laranjeiras-SE), produtoras de fertilizantes nitrogenados da Petrobras, arrendadas pela Unigel, se arrasta aguardando uma resolução que não coloque em risco os postos de trabalho e a vida dos trabalhadores.
As unidades chegaram a ser fechadas durante o governo golpista de Michel Temer, em 2016, e posteriormente foram entregues à iniciativa privada, durante o governo Bolsonaro, que arredou para a UNIGEL por 10 anos, podendo ser renovado por mais dez. As unidades, juntas, possuem capacidade de produção de 3,10 mil toneladas/dia de ureia.
As fábricas de fertilizantes são de alta intensidade de capital, e a operação deste negócio está intrinsecamente ligada ao custo da oferta de gás natural, principal matéria-prima com oferta exclusiva da Petrobras.
As unidades estão paradas devido ao aumento no preço do gás natural, combinado com a redução dos preços da ureia, o que tem causado prejuízos consideráveis à operação do negócio.
Com o preço do gás natural no exterior retornando à patamares pré-pandemia, esse negócio só é viável se for conduzido pela própria empresa que extrai o gás natural e que, portanto, não precisa faturar o gás natural a preço de mercado e pode auferir o lucro no final da cadeia com foco no desenvolvimento nacional e na soberania alimentar.
As discussões iniciadas entre a Petrobras e a Unigel para analisar negócios conjuntos em fertilizantes, hidrogênio verde e projetos de baixo carbono podem avançar para uma parceria estratégica.
Para o Sindiquímica, a prioridade sempre será a preservação dos empregos. A gestão direta da Petrobras com absorção dos trabalhadores, preserva os empregos, reduz a dependência do país em relação aos fertilizantes nitrogenados, diminuindo o déficit comercial do setor, preservando a soberania alimentar e garantindo uma estrutura em cadeia com maior capacidade de lidar como as crises cíclicas do setor.
No Brasil, durante os ciclos de alta com grande lucratividade, o setor privado acumula lucros e defende Estado Mínimo. Entretanto sempre que tem dificuldades durante os ciclos de baixa a iniciativa privada recorre justamente ao Estado e às estatais. Por isso, o Sindiquímica sempre defendeu que setores estratégicos, como as centrais de matéria primas, as indústrias de base como as Fafens, indústrias de petróleo, gás e energia devem ser controladas pelo Estado. Defendemos, portanto, não apenas uma maior participação da Petrobras na indústria, como uma maior participação do Estado brasileiro na Petrobras, a completa estatização da Bahiagás e a reestatização da Eletrobrás.