Raised fists in juneteenth and african liberation day celebration. Generative AI illustrator

O 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, a partir deste ano, é feriado em todo o país. Uma conquista importante, mas que precisa continuar sendo um dia de reflexão e mobilização contra o racismo.

A data foi escolhida pelo movimento negro brasileiro em memória de Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo do Brasil. Erguido na Serra da Barriga, em Alagoas, Palmares foi arrasado pelo exército colonial português em 20 de novembro de 1695 com o assassinato de Zumbi, após muita resistência do povo palmarino. O quilombo dos Palmares era formado por homens e mulheres, negros, indígenas, africanos, livres e escravizados que fugiam do cativeiro e construíram um espaço coletivo de liberdade, tornando-se o maior símbolo de resistência e luta por direitos do povo negro.

Para o Sindiquímica Bahia, essa data reafirma a urgência de enfrentar as desigualdades que ainda estruturam o mundo do trabalho no Brasil.

As relações trabalhistas seguem marcadas pela divisão racial herdada da escravidão colonial. A população negra, especialmente as mulheres negras, permanece submetida às piores condições: baixos salários, jornadas exaustivas, assédio e ambientes de trabalho sem segurança e saúde aos trabalhadores.

Dados do Ministério do Trabalho mostram que essa desigualdade é profunda. Entre 2002 e 2024, 66% das pessoas resgatadas de condições análogas à escravidão são negras, evidenciando a exclusão e a vulnerabilidade dessa população. A RAIS do 2º trimestre de 2024 reforça o cenário: a taxa média de desemprego é de 6,9%, mas chega a 10,1% entre mulheres negras, mais que o dobro da registrada entre homens brancos (4,6%). Elas também seguem concentradas nas ocupações da base da pirâmide e com as menores remunerações, como o trabalho doméstico, de limpeza e alimentação.

O Relatório de Transparência Salarial (RAIS 2023) aprofunda o retrato da desigualdade: mulheres ganham 20,7% menos que homens na mesma função, e mulheres negras recebem apenas 50,2% do salário dos homens brancos. Em 42,7% das empresas analisadas, trabalhadoras negras não chegam a 10% do quadro.

Esses números comprovam que a cor da pele ainda limita o acesso a empregos dignos e bem remunerados. Por isso, reafirmamos que o movimento sindical deve caminhar ao lado do movimento negro na defesa da igualdade, dos direitos e da dignidade da classe trabalhadora.

O Sindiquímica Bahia seguirá vigilante e atuante contra todas as formas de racismo nos locais de trabalho e na sociedade. Que o 20 de novembro fortaleça nossa memória de lutas e resistências e reafirme o compromisso por um Brasil mais justo e antirracista.

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