Braskem, 21 anos

 

A Braskem surgiu como uma empresa de grande porte em relação aos padrões nacionais, controlando a central de matérias-primas de Camaçari, anteriormente conhecida como Copene. Somadas às unidades de PVC, polietilenos, polipropilenos, Pet e caprolactama, provenientes da fusão de seis empresas, a Braskem atualmente opera com 40 unidades e escritórios comerciais ao redor do mundo, sendo uma das empresas com maior número de patentes.

A concentração petroquímica no Brasil, aliada à entrada da Petrobras como sócia, possibilitou a expansão internacional da Braskem. Isso foi viabilizado pelo monopólio e pelos ganhos obtidos entre as cadeias de primeira e segunda geração.

Essa trajetória de sucesso não teria sido possível sem a contribuição dos trabalhadores, muitos deles anônimos, incluindo aqueles que já não estão mais na empresa. Quando empregados, são chamados de “integrantes”, indivíduos que vendem sua força de trabalho, frequentemente enfrentando os riscos inerentes à indústria, sendo por vezes considerados descartáveis pela empresa.

Nesses 21 anos, não podemos esquecer:

– A retirada dos planos Petros e Previnor, resultando na redução dos salários indiretos devido à diminuição das contribuições da Braskem. O antigo plano Odeprev foi renomeado para Vexty. Para dissimular suas ações, a empresa eliminou referências à família nas empresas, mas manteve a posse dos ativos. Hoje, o acionista majoritário, está sendo representado pela Novonor.

– As demissões injustas ocorridas ao longo dessas duas décadas.

– A perda da representação dos trabalhadores no Conselho de Administração da antiga Copesul.

– A manutenção do modelo de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), originado da filosofia TEO, com valores diferenciados proporcionais aos salários e falta de transparência na determinação das metas.

– A maior tragédia social: o afundamento de cinco bairros em Maceió/Alagoas, equivocadamente rotulado de “evento geológico” pela empresa. Esse incidente foi um acidente causado pela exploração de sal-gema, conforme confirmado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), forçando a realocação de 55 mil pessoas e tornando a área inabitável. Indenizações não podem apagar as histórias nem alterar a situação: trata-se de um acidente provocado pela Braskem. A extração foi interrompida, as negociações de indenização estão em curso, mas a empresa continua negando sua responsabilidade.

Ao longo desses 21 anos, seguimos adiante, mantendo a cabeça erguida e orgulhosos de sermos trabalhadores. Não mudamos de nome e não fugimos de nossas responsabilidades. Se os sócios majoritários enfrentam dificuldades – a família Odebrecht – é devido às escolhas que fizeram. Não devemos arcar com esses passivos, sejam relacionados ao acidente ambiental em Alagoas ou às multas impostas por instituições jurídicas, dentro ou fora do Brasil.

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